A agitação tende a agravar-se num crescendo. 1941, 1942 e, finalmente, 1943, o Verão quente de 1943.
As carências agravam-se, não apenas no âmbito das subsistências, mas também no que concerne às matérias-primas necessárias ao desenvolvimento da indústria.
Para além do congelamento de salários, dos preços extravagantes praticados no mercado negro, do açambarcamento, do favoritismo nas filas de racionamento, observa-se agora o despedimento de muitos trabalhadores ou, a redução do horário laboral destes, motivado pela falta de matérias-primas, o que irá agudizar ainda mais a questão salarial.
Entretanto, e após reorganização levada a cabo a partir de 1940/41, o Partido Comunista Português torna-se a principal força da oposição, ganhando cada vez uma maior influência entre os trabalhadores, em parte também justificada pelo papel desempenhado pela Rússia no desenrolar do conflito.
Aliada a estes fatores, a destituição de Mussolini pelo Rei a 25 de julho de 1943. É o início do fim do regime fascista em Itália e nasce a esperança da destituição dos regimes totalitários vigentes na Europa, complementada com a inversão da iniciativa bélica na Frente Leste, com clamorosas derrotas para as forças do Eixo.
Assim, e pese embora toda uma série de contestações anteriores, das paragens pontuais no trabalho, das greves de novembro em 1941 e de outubro/novembro de 1942, só em julho/agosto de 1943 estarão implantadas as condições para que o movimento grevista ganhe uma maior amplitude, sobretudo em Lisboa e na margem sul do Tejo, com particular destaque para a vila do Barreiro, importante centro fabril nacional que, embora já anteriormente palco da contestação ao regime de Salazar, só a partir de 1943 conquistará um papel fundamental na história da resistência ao fascismo.
Porque, e desde 27 de julho de 1943, dia em que as fábricas da CUF aderiram à greve iniciada no dia anterior em Lisboa, a repressão sobre os habitantes da Vila seria uma constante, com medo da sua própria sombra, a capacidade de resistência foi sempre uma verdade inquestionável.