Início / Mausoléu de Alfredo da Silva
Em respeito à vontade expressa em vida por Alfredo da Silva, a Companhia União Fabril mandou erigir um mausoléu no cemitério do Barreiro em homenagem ao seu fundador. Sepultado no cemitério oriental de Lisboa, Alfredo da Silva viria a ser trasladado para o Mausoléu erigido para o efeito no então cemitério do Barreiro, no dia 20 de agosto de 1944.
O projeto para este Mausoléu data de 1943, e é fruto da parceria entre o arquiteto Luís Cristino da Silva e o escultor Leopoldo de Almeida. No plano arquitetónico, o monumento foi erigido sobre uma base de alvenaria, em forma de círculo, a qual será limitada no espaço mediante dois semicírculos, um voltado a Norte, outro voltado a Sul. No centro da base de alvenaria, à qual se tem acesso por uma escadaria, inscreve-se a pirâmide (pilone), a qual cumpre a função de capela mortuária. À semelhança dos semicírculos, a pirâmide foi construída em granito. O acesso ao interior é feito através de uma porta de dois batentes construída em bronze, à qual corresponde, no lado oposto (lado Sul), uma fresta em forma de cruz. O envasamento no qual se inscreve o monumento é rematado por dois plintos, decorados com os baixos-relevos de Leopoldo de Almeida, recebendo no cimo duas taças, também em bronze, para incenso.
Sobre a pirâmide, e assente em quatro leões, uma urna simbólica, tudo construído em granito. A porta que dá acesso ao interior, é encimada por uma cruz e por uma coroa de louros em bronze. Posteriormente, viria a ser colocada ao lado da porta o símbolo da CUF construído no mesmo material. Sem data, apresenta a seguinte inscrição: «Homenagem dos empregados da CUF e empresas associadas».
Merecem particular destaque os baixos-relevos de Leopoldo de Almeida. Símbolos da Indústria, Agricultura e Pesca, os baixos-relevos como que ilustram o contributo da ação desenvolvida por Alfredo da Silva para o desenvolvimento nacional nas suas mais variadas vertentes económicas.
Ambos os baixos-relevos apresentam a mesma tipologia, ou seja, dois planos, um superior e outro inferior. As personagens do plano inferior encontram-se todas elas ajoelhadas, enquanto as do plano superior permanecem de pé. O baixo-relevo do lado esquerdo apresenta uma variante, já que nele aparece representada uma sétima personagem (no lado direito apenas seis), ainda para mais uma criança, numa provável alusão à Maternidade, um dos valores mais caros à ideologia do Estado Novo. Ponto em comum em ambos é o facto de todos os olhares estarem dirigidos para a mesma direção, isto é, para o interior da pirâmide, onde repousam os restos mortais do Industrial.
O baixo-relevo esquerdo, além da alusão à Maternidade já anteriormente mencionada, representa uma cena agrícola, onde os trabalhadores aparecem em pleno momento da ceifa, ilustrando a importância da CUF para o desenvolvimento agrícola do País, através do abastecimento de adubos químicos.
O baixo-relevo situado do lado direito apresenta uma cena de carácter industrial, com os trabalhadores representados a empunhar os mais variados instrumentos de trabalho. Não podemos esquecer que Alfredo da Silva era, aquando da sua morte, o detentor do maior complexo industrial do País, sendo que só nas fábricas do Barreiro tinha sob a sua direção milhares de operários.
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